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Adoecimento dos professores em São Paulo atinge patamar alarmante

Um levantamento recente do Retrato da Rede 2024, realizado pelo SINESP e pelo DIEESE, revelou um cenário extremamente preocupante: 63,5% dos professores da rede municipal de São Paulo se afastaram por problemas de saúde no último ano. Desse modo, o dado confirma um crescimento contínuo do adoecimento, provocado por condições de trabalho cada vez mais precárias.

As enfermidades físicas mais comuns incluem, por exemplo, pressão alta (17%), diabetes (5%), problemas ortopédicos (5%), respiratórios (4%) e de coluna (3%).

No entanto, o dado mais alarmante está ligado à saúde mental. Mais de 84% dos profissionais relataram sofrer algum tipo de transtorno psíquico, como ansiedade, depressão e burnout. Portanto, a situação exige medidas urgentes.

Saúde mental em colapso: sintomas se acumulam

Entre os sintomas relatados com maior frequência, destacam-se:

  • Ansiedade (37%);
  • Ansiedade e depressão combinadas (36%);
  • Burnout (7%);
  • Depressão (4%).

Além disso, outros sintomas psíquicos e físicos também são recorrentes. Entre eles, surgem estresse (43,3%), pânico (34,4%) e distúrbios do sono (25,4%). Ao mesmo tempo, dores físicas crônicas — como lombalgias, hérnias e problemas vocais — agravam ainda mais o quadro.

Em termos regionais, as DREs de Santo Amaro (0,17), Pirituba (0,18), Butantã e Penha (0,19) ficaram entre as piores no indicador de saúde. Assim, o problema atinge diferentes territórios e revela desigualdade no suporte oferecido.

Más condições de trabalho agravam o adoecimento

Outro dado relevante indica que 61,3% dos gestores educacionais relataram trabalhar doentes com frequência. Isso ocorre porque a sobrecarga administrativa, a falta de apoio das instâncias superiores e a ausência de políticas de valorização impactam diretamente a vida dos educadores.

Muitos relatam, inclusive, sentimentos negativos relacionados à rotina profissional. Frequentemente, os profissionais mencionam:

  • Fadiga extrema (50,2%);
  • Dores de cabeça (53,5%);
  • Dores nas costas, pernas ou pescoço (48,4%);
  • Problemas gastrointestinais e vocais;
  • Casos de LER/DORT.

Consequentemente, a saúde dos educadores é minada diariamente.

Gestão de pessoas deficiente intensifica o problema

O indicador de Gestão de Pessoas revelou ainda uma deficiência estrutural nas escolas. De acordo com os dados:

  • 73,2% afirmam que o número de profissionais é insuficiente;
  • 72,2% relatam ausência de docentes em módulos sem regência;
  • 56,6% indicam falta de pessoal de apoio.

Como resultado, 79% dos gestores levam trabalho para casa com frequência, o que amplia a exaustão. Portanto, sem recomposição de pessoal, o adoecimento dos professores em São Paulo tende a se agravar.

Violência nas escolas também adoece os profissionais

A segurança nas escolas é outro fator de risco. Segundo o levantamento:

  • 48% dos entrevistados relataram violência no entorno das escolas;
  • 50% consideram o ambiente de trabalho inseguro;
  • 71% apontam o entorno como principal fonte de medo;
  • 60% citaram a ausência de policiamento e vigilância adequada.

Assim, o risco constante de assaltos e tráfico amplia os níveis de tensão e compromete o ambiente escolar.

O que precisa ser feito agora?

Diante de tantos dados alarmantes, é fundamental agir imediatamente. O adoecimento dos professores em São Paulo precisa ser tratado como prioridade absoluta.

As medidas urgentes incluem:

  • Criação de programas permanentes de prevenção à saúde física e mental;
  • Redução da carga burocrática nas unidades escolares;
  • Reforço no quadro de profissionais, via concursos públicos;
  • Políticas concretas de valorização salarial e profissional;
  • Rejeição a soluções paliativas como o Smart Sampa, que aumentam o controle, mas não protegem.

Por uma educação com dignidade e respeito

A saúde dos educadores é um pilar essencial para a qualidade da educação. O adoecimento dos professores em São Paulo denuncia um modelo falho, que desvaloriza quem dedica a vida a ensinar.

O mandato do professor Toninho Vespoli seguirá firme ao lado da categoria, exigindo mudanças estruturais e lutando por respeito, dignidade e condições de trabalho justas. Afinal, sem professores saudáveis, não há educação de qualidade.