O abandono da periferia no manejo das árvores
As imagens das ruas ao redor da Câmara Municipal de São Paulo são reveladoras. Mesmo no coração do centro expandido, dezenas de árvores caídas ainda aguardam remoção após os temporais. Agora, imagine o que está acontecendo na quebrada, em bairros como Sapopemba, Grajaú, Cidade Tiradentes ou Capão Redondo. Nessas regiões, todos sabemos: a retirada pode demorar dias ou até semanas. Afinal, na periferia, o tempo do poder público costuma ser mais lento — quando não é inexistente.
Árvores caídas na periferia: um problema ignorado
A prefeitura, sob gestão de Ricardo Nunes, não trata as regiões periféricas com a mesma agilidade e prioridade que dedica ao centro. E isso não é por falta de orçamento, mas sim por falta de vontade política. Infelizmente, para o prefeito, aquilo que não aparece na propaganda, não dá voto.
Cuidar das árvores exige planejamento e compromisso — mas não gera manchetes nem placas de inauguração. Por isso, recursos do manejo arbóreo são cortados, redirecionados para obras mais “visíveis”, como recapeamento de ruas.
Dinheiro para o que dá visibilidade, não para o que salva vidas
Essa lógica perversa se repete: tira-se dinheiro do manejo de árvores, das faixas exclusivas de ônibus, da infraestrutura de prevenção de alagamentos… tudo para investir em ações que o eleitor médio pode enxergar — mesmo que sejam medidas cosméticas.
Entretanto, a queda de uma árvore mal cuidada pode matar. Pode interromper o serviço de energia, isolar bairros inteiros e prejudicar o transporte público. Nas periferias, isso acontece com mais frequência — e, infelizmente, com menos cobertura da imprensa.
É preciso valorizar o manejo urbano de verdade
Cuidar das árvores não é luxo, é obrigação da prefeitura. A cidade de São Paulo precisa de um plano sério de manejo arbóreo, com manutenção regular, poda preventiva e equipes treinadas atuando nas regiões que mais sofrem com o descaso — justamente as mais vulneráveis socialmente.
Enquanto o prefeito priorizar apenas o que rende foto, a periferia seguirá pagando o preço da omissão. Precisamos cobrar investimentos reais na zeladoria urbana, especialmente nas quebradas, onde o mato alto e as árvores caídas viram armadilhas diárias.
📢 Chega de maquiagem urbana! É hora de cuidar de verdade da nossa cidade — das árvores, das pessoas e das periferias.