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O Casarão Saraceni, tombado em 2000 como patrimônio histórico de Guarulhos, foi demolido após um processo de destombamento marcado por irregularidades. O imóvel, que ficava próximo ao shopping Internacional, permanecia bem conservado até 2010. Apesar disso, interesses econômicos se sobrepuseram à preservação da memória coletiva e resultaram em sua destruição.

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Destombamento do Casarão Saraceni revela jogo político

Em 2009, o então vereador Geraldo Celestino (PSDB) propôs o destombamento do Casarão Saraceni com a justificativa de que ele não possuía valor histórico. A Câmara Municipal aprovou a proposta.

Ainda mais grave foi o parecer técnico que fundamentou essa decisão. Carlos Augusto Mattei Faggin, professor da FAU-USP e conselheiro do Condephaat, afirmou que o casarão “não tinha relevância” e que “podemos ficar sem ele”. Essa declaração selou o destino do prédio. Em menos de dois dias, o casarão foi completamente demolido. Nenhum vestígio restou.

Justiça condena envolvidos na destruição do Casarão Saraceni

Quinze anos depois, a Justiça de São Paulo condenou 39 pessoas físicas, dois ex-prefeitos e várias empresas por improbidade administrativa. O atual prefeito de Guarulhos, Gustavo Henric Costa, o Guti (PSD), também está entre os condenados, assim como Faggin, que ainda ocupa a presidência do Condephaat.

A denúncia apresentada pelo Ministério Público expôs que o destombamento visava beneficiar economicamente o shopping, sem oferecer qualquer vantagem à população. Esse caso escancara o desrespeito com o patrimônio cultural da cidade.

Patrimônio histórico precisa de proteção institucional

Encaminhei um ofício ao governador Tarcísio de Freitas e à secretária Marília Marton solicitando o afastamento imediato de Faggin do Condephaat. Não é aceitável que alguém condenado por destruir patrimônio histórico continue comandando o órgão responsável por protegê-lo.

Esse episódio precisa servir de alerta a todos os vereadores da cidade de São Paulo. Enfrentamos, diariamente, pressões de empreiteiras e incorporadoras que desejam lucrar às custas da memória coletiva. Precisamos resistir a esses interesses.

Preservar o patrimônio é dever de todos

Não se trata apenas de estética. Defender o patrimônio histórico é defender a identidade e a história da população. Quando legisladores se submetem aos interesses privados, como ocorreu no caso do Casarão Saraceni, não apenas traem o povo, mas também se expõem a consequências judiciais.

O caso de Guarulhos não pode se repetir em São Paulo. Nossa cidade precisa de representantes comprometidos com sua memória e sua cultura. Por isso, pedi que meu ofício seja anexado às notas taquigráficas da minha fala e enviado ao governador do Estado e à Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativa.