A destruição do SUAS em São Paulo
O desmonte do SUAS em São Paulo é uma tragédia silenciosa que avança com o aval do prefeito Ricardo Nunes. A assistência social, essencial para garantir direitos e dignidade às populações mais vulneráveis, está sendo desmontada sem qualquer responsabilidade. Enquanto isso, os trabalhadores do setor enfrentam salários defasados, sobrecarga e descaso por parte da Prefeitura.
Na última sexta-feira, participei de um ato público ao lado de trabalhadores e militantes do SUAS. O protesto, organizado pelo Fórum da Assistência Social (FAS), buscava pressionar a gestão municipal a ouvir as demandas da categoria. No entanto, até agora, nada mudou.
O desmonte se reflete na prática
A Prefeitura de São Paulo não repassou o dissídio de 2024 às organizações sociais. Além disso, o reajuste de 2023 chegou de forma incompleta. Estamos, inclusive, próximos da data-base de 2025, mas ainda sem qualquer definição. Esse é o retrato atual do desmonte do SUAS em São Paulo.
As grandes organizações tentam manter os pagamentos, mas comprometem outras áreas do serviço. Por outro lado, as entidades menores enfrentam riscos jurídicos e mantêm funcionários com salários congelados. Com o tempo, essas instituições acabam fechando suas portas. E, quando isso acontece, as famílias perdem acesso à proteção social.
Precarização em todas as frentes
Os efeitos da omissão da Prefeitura são visíveis no dia a dia. Os CCAs recebem menos de R$ 7 por pessoa para duas refeições. Já os SAICAs, que acolhem crianças e adolescentes, têm apenas R$ 13 para quatro refeições diárias. Enquanto isso, os serviços voltados aos idosos sobrevivem com menos de R$ 2,50 por dia.
Além disso, os Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos não contam com educadores substitutos. Se um profissional adoece, o atendimento simplesmente não ocorre. O quadro de pessoal está tão enxuto que falta até mesmo um administrativo para lidar com os sistemas de prestação de contas exigidos pela Secretaria.
A Secretaria fecha as portas
Em fevereiro, a secretária Eliana Gomes prometeu apresentar uma resposta em até 60 dias. No entanto, mais de 100 dias se passaram e nada foi resolvido. Além disso, a Secretaria de Assistência Social não responde aos movimentos sociais, mandatos ou organizações. A meu pedido, uma reunião com mais de 30 entidades chegou a ser agendada, mas foi cancelada na véspera. Até hoje, não houve nova data.
Defender o SUAS é lutar contra a desigualdade
O desmonte do SUAS em São Paulo não é apenas um problema administrativo — é um ataque à dignidade de milhares de famílias. A cada serviço fechado, a cidade exclui ainda mais seus cidadãos mais pobres. Em vez de ampliar o cuidado, a Prefeitura opta por abandonar os mais vulneráveis à própria sorte.
Nossa luta continua
Como vereador, sigo firme ao lado dos trabalhadores da assistência e das comunidades que mais precisam. Continuarei denunciando o descaso, cobrando respostas e lutando por um SUAS fortalecido e digno. Porque defender o SUAS é defender a justiça social.