O governo Lula acertou ao suspender a implementação do Novo Ensino Médio. Essa reforma, criada durante o governo Temer, nunca contou com participação real de professores, estudantes e especialistas. Desde o início, aprofundou a desigualdade entre escolas públicas e privadas.
Escolas públicas perdem conteúdo, privadas avançam
Enquanto colégios privados investiram em itinerários formativos sofisticados, a rede pública sofreu cortes em disciplinas fundamentais, como Filosofia e Língua Portuguesa. Além disso, os vestibulares continuam cobrando o currículo tradicional. Isso amplia o fosso entre estudantes ricos e pobres.
Consequentemente, jovens das escolas públicas enfrentam mais dificuldades para ingressar no ensino superior gratuito, enquanto a iniciativa privada lucra com os melhores índices de aprovação.
Falta de escolha e itinerários absurdos
Apesar do discurso oficial, os alunos das escolas públicas não encontram liberdade real para escolher seus caminhos. Em muitos casos, os itinerários são impostos ou escolhidos por sorteio. Há relatos de cursos que ensinam tecelagem artesanal ou técnicas de brigadeiro gourmet.
Além disso, os professores são obrigados a assumir conteúdos fora de sua área de formação. Um docente de Letras, por exemplo, pode ser designado para dar aulas sobre empreendedorismo — com salário baixo, sobrecarga de trabalho e sem apoio pedagógico.
O Novo Ensino Médio precariza o trabalho docente
Essa realidade fragiliza ainda mais a profissão de educador. As condições de ensino continuam precárias: salas superlotadas, ausência de estrutura adequada e falta de tempo para formação continuada. Além disso, o desrespeito institucional atinge níveis alarmantes. Autoridades, inclusive, chegam a chamar professores de “vagabundos”.
A reforma, ao contrário do que prometia, não valoriza a escola pública. Ao invés disso, consolida uma estrutura excludente, que serve ao mercado e abandona os estudantes.
Governos de SP e MG expõem dados de crianças e adolescentes
Como se a crise educacional não fosse suficiente, uma denúncia gravíssima veio à tona. Segundo apuração recente, os governos estaduais de São Paulo e Minas Gerais permitiram a coleta e o compartilhamento de dados de estudantes sem consentimento.
Essas informações foram extraídas por plataformas como o Centro de Mídias SP, utilizado amplamente nas escolas públicas durante e após a pandemia. Trata-se de uma violação clara do direito à privacidade e da proteção de dados de menores.
Além disso, o fato de um instituto estrangeiro ter denunciado o Brasil mostra o tamanho do problema. Crianças e adolescentes, muitas vezes pobres e sem alternativa, viraram alvos comerciais.
Toninho Vespoli exige investigação e respeito à educação pública
O vereador Toninho Vespoli já acionou a Promotoria da Infância e Juventude para investigar o caso. Se a Prefeitura de São Paulo também estiver envolvida, a Câmara Municipal precisa se posicionar.
Toninho defende uma educação pública de qualidade, com valorização dos profissionais, proteção dos estudantes e participação popular. A revogação do Novo Ensino Médio e o fim do uso indevido de dados educacionais são passos urgentes para reconstruir a confiança na escola pública.